domingo, 21 de fevereiro de 2010

A Velha (Des) Ordem Mundial.



“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”
Lola Laborda *

A História comemora com justo júbilo, neste novembro de 2009, a queda do Muro de Berlim , erguido em 13 de agosto de 1961, pela RDA- República Democrática Alemã, controlada , pelo regime totalitário do Governo Soviético, durante a Guerra Fria e, dividiu ao meio a cidade de Berlim, numa das maiores atrocidades a que o mundo


Da noite para o dia, o Exército Vermelho ergueu um muro de 155 km,construiu cercas de arame farpado eletrificadas, no intuito de evitar as constantes fugas para o lado ocidental e, muito mais que duas cidades, separou os sentimentos de amor de famílias, amantes, pais e filhos que, permaneceram 28 anos nessa situação de horror, amargando as saudades de seus entes queridos que viviam do outro lado do muro, numa das mais cruéis demonstrações de desrespeito aos Direitos Humanos da História Contemporânea.


No final da Segunda Guerra, os americanos lançaram o Plano Marshall, visando a recuperação econômica de toda a Europa devastada pelo conflito, o que despertou a ira de Stalin que, bloqueou todos os pontos terrestres de acesso à Berlim Ocidental deixando sua população sem alimentos . Mas um fato curioso aconteceu. Os aliados vencedores, garantiram o abastecimento da população Berlinense por via aérea por 462
dias,levando alimentos, combustíveis e até mesmo pinheiros para as árvores do Natal de 1949, num exemplo ímpar de solidariedade humana que ficou registrado na história da aviação e num dos primeiros embates da “guerra fria” que se iniciava .


Segundo o Historiador Britânico, Eric Hobsbawm, um homem de visão esquerdista, a queda do Muro de Berlim “desestabilizou a Ordem Mundial” e gerou um clima de insegurança generalizada e que, uma das mais desastrosas conseqüências da queda do Muro em 1989, foi o realinhamento de uma nova cartografia geopolítica mundial, favorável à hegemonia norte-americana, o que caracterizou uma vitória do capitalismo sobre a ideologia comunista.

No ano passado assistimos atônitos, à inimaginável crise financeira que atingiu o “coração” de Wall Street (Rua do Muro, por ironia do destino), centro financeiro de Nova York e abalou as estruturas do capitalismo o que gerou uma crise econômica global, num simbolismo análogo aos fatos de Berlim 1989. Caiu o “Muro da Vergonha” da ideologia neoliberal, expondo toda a fragilidade do sistema capitalista.

Apesar da falta de registros oficiais, estima-se em milhares as vítimas fatais pela travessia da fronteira do Muro de Berlim. Ainda assim, a humanidade com seu instinto fraticida parece nada apreender com os exemplos expostos e em 1994 os Estados Unidos ergue o seu muro na fronteira com o México, separando as cidades de Tijuana e San Diego, na Califórnia, exemplo seguido por seus aliados israelenses em 2002, quando Ariel Sharon construiu uma muralha segregacionista que separa a Cisjordânia do Estado de Israel, declarada ilegal pelo Tribunal Internacional de Justiça de Haia. Segundo ativistas de Direitos Humanos, a muralha adentra terras palestinas carecterizando anexação ilegal de território pelo Estado de Israel , cujo controle militar atravanca o desenvolvimento do povo palestino e dificulta assintosamente a aproximação de ajuda humanitária, contrariando a Declaração Universal dos Direitos Humanos.


O fato concreto é que a queda do Muro de Berlim é um acontecimento emblemático para o Século XX e marca, a priori, o fim do confronto entre dois mundos distintos e suas conseqüências precisam ser analizadas para além das questões políticas, ideológicas e econômicas mas, é preciso que se analise as rachaduras deixadas no capital humano para saber se temos, realmente, o que comemorar.

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.” Artigo1º. Declaração Universal dos Direitos Humanos.









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