sábado, 20 de fevereiro de 2010

Cinema: Uma Lição!


Educação, An Education, de Lone Scherfig

Por: Francisco Taunay
Este filme confronta dois diferentes tipos de educação: aquela que se aprende na escola, na universidade, que prepara a pessoa para uma vida profissional e uma outra, referente à própria experiência da vida em si, das amizades, relações amorosas, viagens. Se por um lado é importante a dedicação aos estudos, que vão preparar a jovem Jenny para estudar em Oxford, sua relação com um homem mais velho lhe tira a inocência e pode atrapalhar os tão sonhados planos de seu pai.

Na verdade, a tradução deveria ser Uma Lição, que parece mais com o título original, bem como tem mais a ver com o filme. Sim, uma lição que faz uma menina criada na conservadora Londres dos anos 60 aprender a viver melhor sua vida, dividida entre o caminho ideal, traçado desde a sua infância por seus pais e o real, criado a partir dos acontecimentos da sua vida direcionada pela sua admiração pela cultura francesa, seus pequenos pecados e vícios, sua curiosidade e vontade de viver, de aproveitar a vida.

É um filme intimista, bastante simples. Um filme feminino, que faz as moças, principalmente aquelas que se identificam com a personagem, vibrarem no cinema. Ele mostra como a sedução, aquela exercida pelo Lobo Mau travestido de Vovózinha sobre a Chapéuzinho Vermelho, pode levar à perdição; principalmente quando não temos o Lenhador para corajosamente nos salvar e, então, precisamos nos virar sozinhos. Sim, ao assistir ao filme o leitor certamente vai entender o que digo.

Esta possibilidade de escolhas, de se criar uma história para si mesmo, fazendo da sua vida uma espécie de obra de arte, é um presente dos tempos modernos. Antes, quando alguém era criado para ser guerreiro, padre, camponês ou artesão, geralmente seguindo a profissão do pai, creio que havia uma maior direção e menos espaço para a fortuna. Fortuna no sentido de sorte, de acaso.

Sempre vai acontecer em nossas vidas um embate entre o ideal, o sonhado e esperado, com o real, o que efetivamente acontece, com um intervalo maior ou menor entre estes dois pólos. Um amigo já dizia que a felicidade de alguém depende da distância do que se é e do que se gostaria de ser. Manuel Bandeira já escreveu, naquele famoso poema do Pneumotórax, sobre Tudo o que poderia ter sido e que não foi.

Sim, é uma espécie de reflexão do Carnaval, sob o ponto de vista da Quarta-Feira de Cinzas. O que faz uma vida ser colorida? Ou opaca? Qual será a medida do divertimento e do dever? Estas perguntas só podem ser respondidas ao longo da própria trajetória da existência. Mas quem sabe um filme, com sua despretensão de contar uma estória pode dar alguma dica sobre o caminho a ser percorrido? Ou mesmo nos proporcionar ferramentas para decidir, não de forma mais correta, mas ao menos de maneira mais consciente.

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