sábado, 20 de fevereiro de 2010

Livro- A Moda nas Obras de Arte




Por:Emanuelle Bezerra

A doutora em artes pela USP Cacilda Teixeira da Costa decidiu investigar, durante três anos, como a moda foi retratada na arte ao longo dos últimos quatro séculos. O resultado é o livro Roupa de Artista – O Vestuário na Obra de Arte que ela acaba de lançar.

Cacilda traz inúmeros episódios capazes de contar a história tanto da arte como da moda. A análise de como a moda influencia a arte começa em obras renascentistas e chega aos dias atuais, em que, como a autora pontua, as próprias peças do vestuário e figurino são obras artísticas.

Pinturas, esculturas, instalações, gravuras, figurinos de inúmeros artistas integram o livro. O Brasil entra no livro com os parangolés de Hélio Oiticica e os trajes tropicais de Flávio de Carvalho. A intenção de Cacilda é mostrar como a roupa passou, com o decorrer do tempo, de um elemento complementar a um importante protagonista.

Como um contraponto à indumentária, a autora também dá exemplos de clássicos da nudez, como em Ticiano, nas Majas de Goya ou em Monet. Cacilda explica que a relação da roupa com o corpo e o poder de reafirmar uma identidade são tão instigantes que poucos mestres do passado ou contemporâneos conseguiram “ficar imunes ao seu extraordinário fascínio”.

As técnicas desenvolvidas para retratar os tecidos, as texturas, drapeados e outros detalhes, são um exemplo que Cacilda dá de como a moda influenciou a história da arte. A maneira como isso ocorreu varia de acordo com o tempo e as circunstâncias em que o artista estava inserido. Ela cita como exemplo o pintor Diego Velázquez, um mestre na descrição pictórica dos trajes da corte, que conseguiu dobrar o então rei da França, Luis XIV, que estava para casar com a filha de Felipe IV, rei da Espanha. Com a corte em decadência e não querendo aparentar esta situação com roupas inferiores, Felipe IV contratou o pintor que desprezou o vermelho da realeza e vestiu os nobres de preto para realçar as rendas e joias prateadas. A ousadia de Velásquez impressionou os franceses.

Mas, a autora pontua que foi na primeira metade do século XIX que o realismo descritivo chegou, talvez na obra de Ingres, que deu a mesma importância ao rosto, às mãos e ao vestuário. Logo em seguida o pintor e escultor francês Edgar Degas utilizou o próprio vestuário como parte integrante da obra de arte, abrindo perspectivas para as vanguardas que viriam em seguida.



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