Ciberfeminismo: afinal, que “bicho” é esse!?
As novas tecnologias da comunicação que estão colocadas para o século XXI, redesenham o espaço geopolítico redimensionando as relações comerciais, políticas, sociais e até mesmo pessoais, num mundo cada vez mais globalizado e impulsionam o desenvolvimento social em consonância com os novos paradigmas de ativismo social, cultural e político do novo momento em que vivemos.
Os movimentos sociais souberam se apoderar muito bem dessa ferramenta de comunicação em massa, ampliando sua capilaridade, proporcionada pelo rompimento das barreiras de tempo e espaço das novas tecnologias colocadas à sua disposição.
O Movimento Feminista, como um dos movimentos mais sólidos e organizados do mundo, desde seu surgimento, nos anos 60 e 70, quando as mulheres norte-americanas queimaram seus “soutiens” em praça pública, não poderia ficar à margem dessas mudanças e dessincronizado com os novos tempos e cada vez mais os temas envolvendo as questões de gênero e Tecnologia entram em pauta no novo ativismo em redes: o Ciberfeminismo.
Tudo começou quando a Condessa britânica, Ada Lovelace (1815-1852) criou o primeiro programa de computador da sociedade ocidental. A partir de então, as mulheres ganharam novas ferramentas de intervenção na realidade, mobilizando as mulheres do mundo inteiro para a exploração do Ciberespaço como meio de expressão, das demandas feministas ou o feminismo em Redes - o Ciberfeminismo.
Por isso, a partir de 2009 comemora-se, internacionalmente, o ADA LOVELACE DAY, em 24 de março, dia em que é amplamente divulgado todos os avanços obtidos pelas mulheres na área de Ciência e Tecnologia.
No Brasil esse movimento está em curva ascendente, e as questões da mulher e da tecnologia na contemporaneidade, estão intimamente ligadas à tecnologia e movimentos sociais.
Ciberfeminismo, expressão cunhada na Austrália, pelo coletivo de artistas (Virginia Barratt, Francesca da Rimini, Juliane Pierce, Josephine Starrs,) surgiu na Europa dos anos 90, com a divulgação do Manifesto Ciberfeminista para o Século XXI, divulgado pelo grupo VNS MATRIX, composto pelas quatro artistas acima mencionadas.
No Brasil, entre tantos coletivos de mulheres atuando em Redes, podemos citar o CEMINA- uma Organização Não Governamental-ONG- que luta pela ampliação dos espaços da mulher brasileira, utilizando o ativismo em Redes - ciberfeminismo – para alcançar seus objetivos. e que apresenta como carro-chefe o Programa Fala Mulher, ministrou 300 cursos de capacitação em Rádio para comunicadoras populares, a Rede de Mulheres no Rádio que coloca 400 comunicadoras no ar, a Rede Cyberela- capacitação de 29 comunicadoras para uso do Ciberespaço através das ondas do Rádio e implantação de 15 tele centros para um amplo Programa de Inclusão Digital. (www.cemina.org.br).
Após 16 anos de atuação, hoje o Cemina é responsável pelo maior arquivo sonoro com temática feminista, de todo o território nacional.
Entre suas ações destacam-se ainda, a facilitação de divulgação de conteúdos áudio via web e a democratização do acesso e conteúdos da Internet e, construiu ao longo de sua existência, um invejável legado em prol da mulher brasileira e seu desenvolvimento na sociedade.
Recebeu vários prêmios por sua atuação e programas onde se pode destacar o Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo- 1988- na Categoria Rádio e o Prêmio Claudia (Revista Claudia) pela excelente estratégia pela cidadania feminina.
Digno de menção, temos ainda o coletivo BR.ADA, composto por cinco mulheres de Belo Horizonte, São Paulo, Rio e Barcelona que pesquisa o elo entre mulheres e tecnologia e Artes e meios de Comunicação. Que entre outros objetivos, promove e difunde a produção artística realizada por mulheres, focalizando, especialmente, o Brasil e a América Latina, buscando ainda, focar as questões de gênero e tecnologia, já que o tema é pouco difundido por aqui.
É assim que trabalham, Anaisa Franco, Marina Gazire, Lilian Campesato e Vivian Caccuri as integrantes do Coletivo BR.ADA, que também procura analisar a produção da mulher que trabalha com a tecnologia, como ferramenta fundamental de trabalho.
O nome do grupo evidencia uma singela homenagem à condessa britânica, Ada Lovelace, já mencionada acima.
Novos tempos, novas formas de ver e vivenciar o feminismo. O tema está em evidência no Brasil, agora mais do que nunca, quando acabamos de eleger nossa primeira mulher para ocupar a Presidência da República, “como nunca antes na história desse país”.
sábado, 11 de dezembro de 2010
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