Aborto: Uma abordagem ampliada.
As eleições de outubro último se foram, mas deixaram um questionamento, no mínimo, curioso: o candidato direitista, José Serra, ao invés de colocar em discusão seu projeto de governo, trouxe à baila um tema polêmico para o centro das discussões, apostando no conservadorismo da população brasileira. Assim, o aborto foi o tema recorrente nas eleições de 2010, no Brasil.
O Movimento de Mulheres no Brasil vem lutando há anos pela discriminalização do aborto alegando o livre arbítrio das mesmas pelo Direito de decidir, sobre uma questão tão delicada, que só à elas diz respeito.
A Igreja Católica é terminantemente contrária e interfere nos processos progressistas a ponto de “emperrar” a legislação, que não caminha na direção da linha do horizonte, o que dificulta, sobremaneira o avanço da sociedade em torno dessa questão, que é um tema que só a ela cabe decidir .
Argumentando que o aborto deixa seu rastro de morte, a Igreja faz a retórica da preservação da vida, mesmo em casos de gestações contraídas através do estupro e em casos de má formação fetal, o que é um absurdo incomensurável.
Mas que vidas a Igreja quer preservar? Não se pode tirar a vida de um feto, mas pode-se contribuir para o aumento do número relativamente elevado, da mortalidade materna em conseqüência de abortos mal realizados? Dessa forma, só as mulheres oriundas das populações mais pobres, são prejudicadas, porque as mulheres cujas condições econômicas lhes permitem, praticam o aborto em clínicas particulares, com toda a assistência médica qualificada, quando não o fazem, em outros países, onde a legislação admite o aborto legal.
É incompreensível que, com problemas internos tão graves, como a pedofilia dos padres católicos, que fazem votos de castidade ao abraçar a vida religiosa, a Igreja Católica continue interferindo nos assuntos relevantes para o conjunto da sociedade, impondo seus dogmas, esquecendo a abrangência das variadas matizes de credo, num país essencialmente plural, sob todos os aspectos, inclusive o religioso e que não podemos submeter a totalidade da população ao ditames do Vaticano. Sabemos que só o Estado laico avança, nas questões sociais e que só a plena democracia garante direitos igualitários para o conjunto da sociedade.
Lola Laborda é acadêmica do Bacharelado Interdisciplinar de Artes-Área de Concentração Cinema e Audiovisual da UFBA.
sábado, 11 de dezembro de 2010
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