O LEITOR
O mais recente filme do premiado diretor de “As Horas” e “Bily Eliot”, Stephen Daldry , que tem roteiro adaptado do romance homônimo do escritor Bernhard Schilink, - “O Leitor”- chega aos cinemas brasileiros cercado de muita expectativa, com 5 indicações ao Oscar.
A ação se passa na Alemanha pós- nazista, quando Michael Berg, então com 15 anos tem sua iniciação sexual nos braços de Hanna Schmitz, uma bonita, solitária e misteriosa balzaquiana, de temperamento forte e contraditório.
A relação, claramente edipiana, encontra apoio nas leituras de vários dos maiores clássicos da literatura mundial, que o rapaz fazia para sua amante, durante seus encontros românticos.
“Canta para mim, Ó Musa, o varão industrioso que, depois de haver saqueado a cidadela sagrada de Tróia, vagueou errante por inúmeras regiões, visitou cidades, e conheceu o espírito de tantos homens...”
A leitura desses belos versos da Odisséia de Homero que, tantas vezes antecedia o ato sexual, numa estranha simbologia de poder e fascínio, revela toda a dualidade de sua musa, desenhada em linhas tênues que separam sua figura frágil e sensível, da mulher áspera e amarga de momentos outros.
Que segredos esconderia aquela estranha mulher? Que mistérios estariam submersos nas suas mais profundas entranhas?
Michael, com a ansiedade própria de sua idade, saboreia intensamente as descobertas do sexo, com alguma consciência do fascínio que suas leituras despertam numa Hanna dura e fria.
Assim, a leitura torna-se, paulatinamente, um grande elo entre os dois e o fio condutor da relação.
Mas o repentino desaparecimento da moça traz muito sofrimento ao jovem, que não conseguia esquecê-la, deixando um rastro de melancolia por onde passava.
Alguns anos mais tarde, Michael agora, um estudante de Direito, vê o seu grande amor no banco dos réus, acusada de crimes nazistas.
O rapaz tem aí, um drama de consciência que vai acompanhá-lo pelo resto de sua vida, mas demonstra uma personalidade fraca, ao não promover a defesa da mulher amada quando, só ele poderia oferecer ao Tribunal as provas que atenuariam sua pena. Mas, para isso, ele teria que revelar o maior segredo de sua ex- amante...
E porque não o fez? Por respeito à vontade dela?
Por amor, para não revelar um segredo que nem mesmo ela ousou confessar?
Para não manchá-la da vergonha de ser uma analfabeta, ali, diante de todos?
Por fraqueza? Talvez.
Ou ele a estaria punindo por seus crimes nazistas?
Trilharam caminhos diferentes e um enorme abismo erguera-se entre eles.
Suas almas estavam, inexoravelmente, divorciadas.
Condenada injustamente, a musa suicida-se na prisão e agora, mesmo que ele queira, nada mais pode ser feito e ele compreende amargurado o quanto ela marcou sua vida e que, arrependimentos tardios não a trarão de volta.
Com interpretações intensas e impecáveis de Kate Winslet (que levou o Oscar de Melhor Atriz, pelo trabalho) e Ralph Fiennes, dois grandes atores, a obra do diretor que foi indicado ao Oscar em todos os seus filmes (embora não tenha sido contemplado em nenhuma das indicações), é marcada pela sensibilidade, o que hipnotiza o espectador até a última seqüência.
O mistério segue o seu caminho: estaria o enigma de Hanna escondido numa latinha de chá?
Lola Laborda é Bacharel em Artes/ Cinema e audiovisual/UFBA
sábado, 11 de dezembro de 2010
AMOR À FLOR DA PELE
Análise Crítica
Obra prima do roteirista, diretor e produtor chinês, Wong Kar-Wai, “Amor à Flor da Pele” é uma das mais belas histórias de amor já transpostas para o mundo da Sétima Arte.
Numa Hong Kong dos anos 60, densamente populosa e sombria, Chow, um escritor e jornalista (Tony Leung, melhor ator no Festival de Cannes por este filme), e Li-Chun (Maggie Cheung), uma belíssima secretária, se encontram na impessoalidade e frieza comuns aos grandes centros urbanos, quando vão morar, com seus respectivos cônjuges, em quartos alugados em pequenos apartamentos, como era o costume da época.
Vizinhos e solitários, já que seus companheiros viajam bastante, descobriram que estavam sendo traídos por seus companheiros que estavam tendo um caso, e começaram a “esculpir” uma forte amizade que aos poucos, num crescendo, deságua em amor e paixão. Um amor pulsante, mas exageradamente contido, que está sempre presente no ar, embora jamais ultrapasse a barreira da ponderação, da ética e da racionalidade, no melhor estilo dos filmes “noir”, onde o cheiro de sexo reprimido se faz presente em todos os momentos do filme.
A narrativa seria clássica se não fosse ímpar e ricamente moderna, destacando a densa e marcante fotografia de Christopher Doyle que, explora na medida certa, os tons pastéis,
os escuros e os tons mais fortes, com o contraste das luzes e sombras da noite , tudo meticulosamente bem dosado, contrastando com a profusão de cores vibrantes, de um co-protagonista em especial, que ganha “vida própria”, por assim dizer: o figurino. Os lindíssimos e coloridos cheongsam, (vestidos chineses) usados pela atriz Maggie Cheung, e que o diretor, no auge da sua criatividade, utilizou para fazer a passagem do tempo. Um novo dia surge sempre, com um novo cheongsam, que além de interpretar o seu próprio papel, de contraponto das cores da estética da narrativa, valoriza a silueta feminina, como para compactuar com todo o clima de sensualidade presente no filme, dando uma pincelada no estado emocional da protagonista, naquele dia ou momento.
Ou seja que, parafraseando Lotte Eisner, “o vestuário não é jamais, um elemento artístico isolado” e nesse filme, particularmente, ele é um personagem à parte. Um personagem realista, desenhado de acordo com a época e a cultura oriental, carregado de subtextos e sutilezas , de onde se pode perceber, claramente, o traço firme do diretor.
A interpretação impecável dos protagonistas visivelmente, em estilo estático e método Stanislavskiano, redobra a carga dramática da obra, à potência máxima, tornando-a inesquecível e obrigatória, para estudiosos do cinema e o público em geral.
Num toque de genialidade, absolutamente intencional, o diretor, opta por colocar os antagonistas (traidores) recolhidos à sua total insignificância na obra, valendo-se de várias elipses de estrutura, em todos os planos onde eles “aparecem”, geralmente de costas, em planos fechados ou, extra-campo onde apenas suas vozes em off registram sua breve passagem pela obra , levando o público ao delírio do suspense, ampliando seu interesse pelo desenrolar da ação e, fazendo com que o espectador vivencie o fenômeno da projeção-identificação (teorizado por Edgar Morin em seu texto “A Alma do Cinema”), apenas com o casal de traídos , o que contribui sobremaneira, para o fortalecimento da estrutura da “carpintaria” da obra.
O jornalista Chow decide ir trabalhar em Cingapura, não antes de convidar Li para ir com ele, para longe dos olhares indiscretos, vivenciarem a paixão de ambos, em toda a sua plenitude.
Após uma angustiante espera no quarto 2046, ele percebe que ela não vem, apaga as luzes, e sai. O diretor deixou a tela completamente preta por mais segundos do que o necessário o que valoriza a tomada seguinte, quando ele abre a porta e a luz do dia entra no quadro. Li vai correndo ao encontro de Chow, pela última vez, no hotel. Ela veste um cheongsam verde, a cor da esperança. Talvez da esperança de conseguir vê-lo, antes da partida.
Mas ela chega atrasada e chora relembrando o convite de Chow para ir com ele...É demasiado tarde!
A trilha sonora também é um personagem. Um personagem que viaja da China para os trópicos, unindo a sobriedade oriental com a sensualidade latina da voz de um Nat King Cole, eternamente soberbo.
Chow retorna à Hong Kong cinco anos depois e vai visitar o dono do apartamento onde morou não o encontrando mais. Li morava no mesmo apartamento de antes, desta vez sozinha e...com um filho de cinco anos! O casal não se reencontra.
E Wong cria uma linha de fuga, escapando pela tangente.
Seria de Chow o filho da bela chinesa? Podemos pensar que sim, porque houve um dia em que ela disse-“Hoje eu não quero voltar pra casa.” Mas na maior e mais angustiante elipse da obra, o diretor guarda consigo a chave do segredo e se firma como o nome mais expressivo do novíssimo cinema de autor da ex China de Mao.
Lola Laborda é Bacharel em Artes/Cinema e Audiovisual/UFBA
Análise Crítica
Obra prima do roteirista, diretor e produtor chinês, Wong Kar-Wai, “Amor à Flor da Pele” é uma das mais belas histórias de amor já transpostas para o mundo da Sétima Arte.
Numa Hong Kong dos anos 60, densamente populosa e sombria, Chow, um escritor e jornalista (Tony Leung, melhor ator no Festival de Cannes por este filme), e Li-Chun (Maggie Cheung), uma belíssima secretária, se encontram na impessoalidade e frieza comuns aos grandes centros urbanos, quando vão morar, com seus respectivos cônjuges, em quartos alugados em pequenos apartamentos, como era o costume da época.
Vizinhos e solitários, já que seus companheiros viajam bastante, descobriram que estavam sendo traídos por seus companheiros que estavam tendo um caso, e começaram a “esculpir” uma forte amizade que aos poucos, num crescendo, deságua em amor e paixão. Um amor pulsante, mas exageradamente contido, que está sempre presente no ar, embora jamais ultrapasse a barreira da ponderação, da ética e da racionalidade, no melhor estilo dos filmes “noir”, onde o cheiro de sexo reprimido se faz presente em todos os momentos do filme.
A narrativa seria clássica se não fosse ímpar e ricamente moderna, destacando a densa e marcante fotografia de Christopher Doyle que, explora na medida certa, os tons pastéis,
os escuros e os tons mais fortes, com o contraste das luzes e sombras da noite , tudo meticulosamente bem dosado, contrastando com a profusão de cores vibrantes, de um co-protagonista em especial, que ganha “vida própria”, por assim dizer: o figurino. Os lindíssimos e coloridos cheongsam, (vestidos chineses) usados pela atriz Maggie Cheung, e que o diretor, no auge da sua criatividade, utilizou para fazer a passagem do tempo. Um novo dia surge sempre, com um novo cheongsam, que além de interpretar o seu próprio papel, de contraponto das cores da estética da narrativa, valoriza a silueta feminina, como para compactuar com todo o clima de sensualidade presente no filme, dando uma pincelada no estado emocional da protagonista, naquele dia ou momento.
Ou seja que, parafraseando Lotte Eisner, “o vestuário não é jamais, um elemento artístico isolado” e nesse filme, particularmente, ele é um personagem à parte. Um personagem realista, desenhado de acordo com a época e a cultura oriental, carregado de subtextos e sutilezas , de onde se pode perceber, claramente, o traço firme do diretor.
A interpretação impecável dos protagonistas visivelmente, em estilo estático e método Stanislavskiano, redobra a carga dramática da obra, à potência máxima, tornando-a inesquecível e obrigatória, para estudiosos do cinema e o público em geral.
Num toque de genialidade, absolutamente intencional, o diretor, opta por colocar os antagonistas (traidores) recolhidos à sua total insignificância na obra, valendo-se de várias elipses de estrutura, em todos os planos onde eles “aparecem”, geralmente de costas, em planos fechados ou, extra-campo onde apenas suas vozes em off registram sua breve passagem pela obra , levando o público ao delírio do suspense, ampliando seu interesse pelo desenrolar da ação e, fazendo com que o espectador vivencie o fenômeno da projeção-identificação (teorizado por Edgar Morin em seu texto “A Alma do Cinema”), apenas com o casal de traídos , o que contribui sobremaneira, para o fortalecimento da estrutura da “carpintaria” da obra.
O jornalista Chow decide ir trabalhar em Cingapura, não antes de convidar Li para ir com ele, para longe dos olhares indiscretos, vivenciarem a paixão de ambos, em toda a sua plenitude.
Após uma angustiante espera no quarto 2046, ele percebe que ela não vem, apaga as luzes, e sai. O diretor deixou a tela completamente preta por mais segundos do que o necessário o que valoriza a tomada seguinte, quando ele abre a porta e a luz do dia entra no quadro. Li vai correndo ao encontro de Chow, pela última vez, no hotel. Ela veste um cheongsam verde, a cor da esperança. Talvez da esperança de conseguir vê-lo, antes da partida.
Mas ela chega atrasada e chora relembrando o convite de Chow para ir com ele...É demasiado tarde!
A trilha sonora também é um personagem. Um personagem que viaja da China para os trópicos, unindo a sobriedade oriental com a sensualidade latina da voz de um Nat King Cole, eternamente soberbo.
Chow retorna à Hong Kong cinco anos depois e vai visitar o dono do apartamento onde morou não o encontrando mais. Li morava no mesmo apartamento de antes, desta vez sozinha e...com um filho de cinco anos! O casal não se reencontra.
E Wong cria uma linha de fuga, escapando pela tangente.
Seria de Chow o filho da bela chinesa? Podemos pensar que sim, porque houve um dia em que ela disse-“Hoje eu não quero voltar pra casa.” Mas na maior e mais angustiante elipse da obra, o diretor guarda consigo a chave do segredo e se firma como o nome mais expressivo do novíssimo cinema de autor da ex China de Mao.
Lola Laborda é Bacharel em Artes/Cinema e Audiovisual/UFBA
Aborto: Uma abordagem ampliada.
As eleições de outubro último se foram, mas deixaram um questionamento, no mínimo, curioso: o candidato direitista, José Serra, ao invés de colocar em discusão seu projeto de governo, trouxe à baila um tema polêmico para o centro das discussões, apostando no conservadorismo da população brasileira. Assim, o aborto foi o tema recorrente nas eleições de 2010, no Brasil.
O Movimento de Mulheres no Brasil vem lutando há anos pela discriminalização do aborto alegando o livre arbítrio das mesmas pelo Direito de decidir, sobre uma questão tão delicada, que só à elas diz respeito.
A Igreja Católica é terminantemente contrária e interfere nos processos progressistas a ponto de “emperrar” a legislação, que não caminha na direção da linha do horizonte, o que dificulta, sobremaneira o avanço da sociedade em torno dessa questão, que é um tema que só a ela cabe decidir .
Argumentando que o aborto deixa seu rastro de morte, a Igreja faz a retórica da preservação da vida, mesmo em casos de gestações contraídas através do estupro e em casos de má formação fetal, o que é um absurdo incomensurável.
Mas que vidas a Igreja quer preservar? Não se pode tirar a vida de um feto, mas pode-se contribuir para o aumento do número relativamente elevado, da mortalidade materna em conseqüência de abortos mal realizados? Dessa forma, só as mulheres oriundas das populações mais pobres, são prejudicadas, porque as mulheres cujas condições econômicas lhes permitem, praticam o aborto em clínicas particulares, com toda a assistência médica qualificada, quando não o fazem, em outros países, onde a legislação admite o aborto legal.
É incompreensível que, com problemas internos tão graves, como a pedofilia dos padres católicos, que fazem votos de castidade ao abraçar a vida religiosa, a Igreja Católica continue interferindo nos assuntos relevantes para o conjunto da sociedade, impondo seus dogmas, esquecendo a abrangência das variadas matizes de credo, num país essencialmente plural, sob todos os aspectos, inclusive o religioso e que não podemos submeter a totalidade da população ao ditames do Vaticano. Sabemos que só o Estado laico avança, nas questões sociais e que só a plena democracia garante direitos igualitários para o conjunto da sociedade.
Lola Laborda é acadêmica do Bacharelado Interdisciplinar de Artes-Área de Concentração Cinema e Audiovisual da UFBA.
As eleições de outubro último se foram, mas deixaram um questionamento, no mínimo, curioso: o candidato direitista, José Serra, ao invés de colocar em discusão seu projeto de governo, trouxe à baila um tema polêmico para o centro das discussões, apostando no conservadorismo da população brasileira. Assim, o aborto foi o tema recorrente nas eleições de 2010, no Brasil.
O Movimento de Mulheres no Brasil vem lutando há anos pela discriminalização do aborto alegando o livre arbítrio das mesmas pelo Direito de decidir, sobre uma questão tão delicada, que só à elas diz respeito.
A Igreja Católica é terminantemente contrária e interfere nos processos progressistas a ponto de “emperrar” a legislação, que não caminha na direção da linha do horizonte, o que dificulta, sobremaneira o avanço da sociedade em torno dessa questão, que é um tema que só a ela cabe decidir .
Argumentando que o aborto deixa seu rastro de morte, a Igreja faz a retórica da preservação da vida, mesmo em casos de gestações contraídas através do estupro e em casos de má formação fetal, o que é um absurdo incomensurável.
Mas que vidas a Igreja quer preservar? Não se pode tirar a vida de um feto, mas pode-se contribuir para o aumento do número relativamente elevado, da mortalidade materna em conseqüência de abortos mal realizados? Dessa forma, só as mulheres oriundas das populações mais pobres, são prejudicadas, porque as mulheres cujas condições econômicas lhes permitem, praticam o aborto em clínicas particulares, com toda a assistência médica qualificada, quando não o fazem, em outros países, onde a legislação admite o aborto legal.
É incompreensível que, com problemas internos tão graves, como a pedofilia dos padres católicos, que fazem votos de castidade ao abraçar a vida religiosa, a Igreja Católica continue interferindo nos assuntos relevantes para o conjunto da sociedade, impondo seus dogmas, esquecendo a abrangência das variadas matizes de credo, num país essencialmente plural, sob todos os aspectos, inclusive o religioso e que não podemos submeter a totalidade da população ao ditames do Vaticano. Sabemos que só o Estado laico avança, nas questões sociais e que só a plena democracia garante direitos igualitários para o conjunto da sociedade.
Lola Laborda é acadêmica do Bacharelado Interdisciplinar de Artes-Área de Concentração Cinema e Audiovisual da UFBA.
Signo e Persuasão- Resenha Crítica.
O texto “Signo e Persuasão- A Natureza do Signo Linguístico”, capítulo 3, da obra completa assinada por Adilson Citelli, (Série Princípios), publicado pela Editora Ática, é um caminho para a interpretação dos signos na construção do discurso persuasivo que emerge, a partir da estrutura e das funções desses “sinais” simbólicos gerados pela semiologia e que deságuam, em distintos olhares e leituras, na conceituação do discurso persuasivo, ou, na significação deste, tomando como base a teoria de Ferdinand de Saussure, lingüista e filósofo suíço, onde o “significante” e o “Significado” , assumem um papel decisivo nas leituras interpretativas- persuasivas, conduzindo o leitor ao conceito de significação, colocando em evidência a arbitrariedade do signo, demonstrada pela inexistência de uma inter-relação direta entre o “significante” e o “significado” e seu conteúdo simbólico.
O autor se permite um alinhamento com o pensamento de Mikhail Bakhtin, teórico marxista Russo, segundo o qual, é impossível a desvinculação entre signo e ideologia já que o discurso ideológico é permeado de signos e , o estudo dos signos nos leva, inexoravelmente, aos valores ideológicos dessas construções, sendo Bakhtin conclusivo, ao afirmar que “sem signos, não há ideologia”.
Citelli ratifica o pensador Russo, demonstrando todo o teor ideológico da foice e do martelo, na ideologia comunista, traduzindo a união dos trabalhadores urbanos e rurais do ex- Estado Soviético, e de como as instituições se apoderam dos signos como “correia de transmissão” de seus interesses ideológicos, como o pão para a Igreja Católica, que assume a conotação religiosa, de “corpo de Cristo”, e que as organizações sociais desempenham um papel central, de fundamental importância na construção e consolidação do discurso persuasivo ideológico, através dos signos.
Segundo Marilena Chauí, em seu artigo sobre sociedade, ética, e um discurso “autorizado”, onde a competência vem antes da ética, desconsiderando a natureza e a finalidade dos feitos, a grande filósofa brasileira chega a destacar que “Deus e o Diabo, podem diferenciar-se na terra do sol, mas, no tocante à organização produtiva, eles se misturam, não importando, no entanto, para quem os bens se voltam”.
Citelli, apresenta em seu excelente e muito elucidativo texto “Signo e Persuasão- A Natureza do Signo Linguistico”, uma considerável variação de olhares e saberes a respeito dos signos que fazem o discurso persuasivo, apoiado por teorias de Ferdinand de Saussure à Marilena Chauí, por sinal, uma crítica mordaz da visão Aristotélica que embasa toda a teoria do autor.
O texto, leve é “palatável” a todos os níveis da esfera acadêmica, e mostra-se muito eficiente, como um primeiro contato e ponto de partida para uma minuciosa e ampliada pesquisa sobre os meandros da lingüística e sua contribuição para a construção e fruição das diversas gamas de discursos persuasivos, e de como os signos lingüísticos participam ativamente da nossa vida cotidiana na elaboração destes, com a sua mensagem subliminar.
Fica muito claro, também, o uso deliberado e indiscriminado que as instituições fazem destes signos e de como as sociedades estão vulneráveis às mensagens codificadas de ideologias políticas (como Hitler usou bem isso!), religiosas, e culturais, num mundo cada vez mais globalizado. Na “Sociedade do Espetáculo”, como diria o filósofo francês, Guy Debord , e na era da informação, podemos pensar, inclusive, de como pode ser temeroso o uso dos signos lingüísticos em mãos inescrupulosas.
Adilson Citelli, mestre em Letras e professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo- (ECA/USP), para quem “o elemento persuasivo está colado ao discurso como a pele ao corpo”, teve excelente receptividade, de um público bastante variado, ao lançar seu livro –“Linguagem e Persuasão”, da Série Princípios, da Editora Àtica", sua tese de Doutoramento que lhe trouxe reconhecimento nacional e status de referência no assunto.
Parafraseando o autor, “persuadir não é sinônimo imediato de mentira ou coerção, mas que os resultados dependem do comportamento adotado no discurso. E que para existir persuasão, condições são estabelecidas e a principal delas é a existência da democracia, que permite a livre circulação de idéias”.
Signo e Persuasão é um texto recomendável para acadêmicos, não apenas da área de Letras, mas também, das áreas de sociologia, Antropologia, Comunicação, Artes, Cinema, Marketing e Propaganda, enfim, um texto muito abrangente para leitores que desejam ampliar sua visão de mundo , em especial, do mundo da comunicação.
Lola Laborda,Bacharel Interdisciplinar em Artes, com habilitação em Cinema e Audiovisual, da Universidade Federal da Bahia-UFBA- Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Prof. Milton Santos- IHAC-
O texto “Signo e Persuasão- A Natureza do Signo Linguístico”, capítulo 3, da obra completa assinada por Adilson Citelli, (Série Princípios), publicado pela Editora Ática, é um caminho para a interpretação dos signos na construção do discurso persuasivo que emerge, a partir da estrutura e das funções desses “sinais” simbólicos gerados pela semiologia e que deságuam, em distintos olhares e leituras, na conceituação do discurso persuasivo, ou, na significação deste, tomando como base a teoria de Ferdinand de Saussure, lingüista e filósofo suíço, onde o “significante” e o “Significado” , assumem um papel decisivo nas leituras interpretativas- persuasivas, conduzindo o leitor ao conceito de significação, colocando em evidência a arbitrariedade do signo, demonstrada pela inexistência de uma inter-relação direta entre o “significante” e o “significado” e seu conteúdo simbólico.
O autor se permite um alinhamento com o pensamento de Mikhail Bakhtin, teórico marxista Russo, segundo o qual, é impossível a desvinculação entre signo e ideologia já que o discurso ideológico é permeado de signos e , o estudo dos signos nos leva, inexoravelmente, aos valores ideológicos dessas construções, sendo Bakhtin conclusivo, ao afirmar que “sem signos, não há ideologia”.
Citelli ratifica o pensador Russo, demonstrando todo o teor ideológico da foice e do martelo, na ideologia comunista, traduzindo a união dos trabalhadores urbanos e rurais do ex- Estado Soviético, e de como as instituições se apoderam dos signos como “correia de transmissão” de seus interesses ideológicos, como o pão para a Igreja Católica, que assume a conotação religiosa, de “corpo de Cristo”, e que as organizações sociais desempenham um papel central, de fundamental importância na construção e consolidação do discurso persuasivo ideológico, através dos signos.
Segundo Marilena Chauí, em seu artigo sobre sociedade, ética, e um discurso “autorizado”, onde a competência vem antes da ética, desconsiderando a natureza e a finalidade dos feitos, a grande filósofa brasileira chega a destacar que “Deus e o Diabo, podem diferenciar-se na terra do sol, mas, no tocante à organização produtiva, eles se misturam, não importando, no entanto, para quem os bens se voltam”.
Citelli, apresenta em seu excelente e muito elucidativo texto “Signo e Persuasão- A Natureza do Signo Linguistico”, uma considerável variação de olhares e saberes a respeito dos signos que fazem o discurso persuasivo, apoiado por teorias de Ferdinand de Saussure à Marilena Chauí, por sinal, uma crítica mordaz da visão Aristotélica que embasa toda a teoria do autor.
O texto, leve é “palatável” a todos os níveis da esfera acadêmica, e mostra-se muito eficiente, como um primeiro contato e ponto de partida para uma minuciosa e ampliada pesquisa sobre os meandros da lingüística e sua contribuição para a construção e fruição das diversas gamas de discursos persuasivos, e de como os signos lingüísticos participam ativamente da nossa vida cotidiana na elaboração destes, com a sua mensagem subliminar.
Fica muito claro, também, o uso deliberado e indiscriminado que as instituições fazem destes signos e de como as sociedades estão vulneráveis às mensagens codificadas de ideologias políticas (como Hitler usou bem isso!), religiosas, e culturais, num mundo cada vez mais globalizado. Na “Sociedade do Espetáculo”, como diria o filósofo francês, Guy Debord , e na era da informação, podemos pensar, inclusive, de como pode ser temeroso o uso dos signos lingüísticos em mãos inescrupulosas.
Adilson Citelli, mestre em Letras e professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo- (ECA/USP), para quem “o elemento persuasivo está colado ao discurso como a pele ao corpo”, teve excelente receptividade, de um público bastante variado, ao lançar seu livro –“Linguagem e Persuasão”, da Série Princípios, da Editora Àtica", sua tese de Doutoramento que lhe trouxe reconhecimento nacional e status de referência no assunto.
Parafraseando o autor, “persuadir não é sinônimo imediato de mentira ou coerção, mas que os resultados dependem do comportamento adotado no discurso. E que para existir persuasão, condições são estabelecidas e a principal delas é a existência da democracia, que permite a livre circulação de idéias”.
Signo e Persuasão é um texto recomendável para acadêmicos, não apenas da área de Letras, mas também, das áreas de sociologia, Antropologia, Comunicação, Artes, Cinema, Marketing e Propaganda, enfim, um texto muito abrangente para leitores que desejam ampliar sua visão de mundo , em especial, do mundo da comunicação.
Lola Laborda,Bacharel Interdisciplinar em Artes, com habilitação em Cinema e Audiovisual, da Universidade Federal da Bahia-UFBA- Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Prof. Milton Santos- IHAC-
Ciberfeminismo: afinal, que “bicho” é esse!?
As novas tecnologias da comunicação que estão colocadas para o século XXI, redesenham o espaço geopolítico redimensionando as relações comerciais, políticas, sociais e até mesmo pessoais, num mundo cada vez mais globalizado e impulsionam o desenvolvimento social em consonância com os novos paradigmas de ativismo social, cultural e político do novo momento em que vivemos.
Os movimentos sociais souberam se apoderar muito bem dessa ferramenta de comunicação em massa, ampliando sua capilaridade, proporcionada pelo rompimento das barreiras de tempo e espaço das novas tecnologias colocadas à sua disposição.
O Movimento Feminista, como um dos movimentos mais sólidos e organizados do mundo, desde seu surgimento, nos anos 60 e 70, quando as mulheres norte-americanas queimaram seus “soutiens” em praça pública, não poderia ficar à margem dessas mudanças e dessincronizado com os novos tempos e cada vez mais os temas envolvendo as questões de gênero e Tecnologia entram em pauta no novo ativismo em redes: o Ciberfeminismo.
Tudo começou quando a Condessa britânica, Ada Lovelace (1815-1852) criou o primeiro programa de computador da sociedade ocidental. A partir de então, as mulheres ganharam novas ferramentas de intervenção na realidade, mobilizando as mulheres do mundo inteiro para a exploração do Ciberespaço como meio de expressão, das demandas feministas ou o feminismo em Redes - o Ciberfeminismo.
Por isso, a partir de 2009 comemora-se, internacionalmente, o ADA LOVELACE DAY, em 24 de março, dia em que é amplamente divulgado todos os avanços obtidos pelas mulheres na área de Ciência e Tecnologia.
No Brasil esse movimento está em curva ascendente, e as questões da mulher e da tecnologia na contemporaneidade, estão intimamente ligadas à tecnologia e movimentos sociais.
Ciberfeminismo, expressão cunhada na Austrália, pelo coletivo de artistas (Virginia Barratt, Francesca da Rimini, Juliane Pierce, Josephine Starrs,) surgiu na Europa dos anos 90, com a divulgação do Manifesto Ciberfeminista para o Século XXI, divulgado pelo grupo VNS MATRIX, composto pelas quatro artistas acima mencionadas.
No Brasil, entre tantos coletivos de mulheres atuando em Redes, podemos citar o CEMINA- uma Organização Não Governamental-ONG- que luta pela ampliação dos espaços da mulher brasileira, utilizando o ativismo em Redes - ciberfeminismo – para alcançar seus objetivos. e que apresenta como carro-chefe o Programa Fala Mulher, ministrou 300 cursos de capacitação em Rádio para comunicadoras populares, a Rede de Mulheres no Rádio que coloca 400 comunicadoras no ar, a Rede Cyberela- capacitação de 29 comunicadoras para uso do Ciberespaço através das ondas do Rádio e implantação de 15 tele centros para um amplo Programa de Inclusão Digital. (www.cemina.org.br).
Após 16 anos de atuação, hoje o Cemina é responsável pelo maior arquivo sonoro com temática feminista, de todo o território nacional.
Entre suas ações destacam-se ainda, a facilitação de divulgação de conteúdos áudio via web e a democratização do acesso e conteúdos da Internet e, construiu ao longo de sua existência, um invejável legado em prol da mulher brasileira e seu desenvolvimento na sociedade.
Recebeu vários prêmios por sua atuação e programas onde se pode destacar o Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo- 1988- na Categoria Rádio e o Prêmio Claudia (Revista Claudia) pela excelente estratégia pela cidadania feminina.
Digno de menção, temos ainda o coletivo BR.ADA, composto por cinco mulheres de Belo Horizonte, São Paulo, Rio e Barcelona que pesquisa o elo entre mulheres e tecnologia e Artes e meios de Comunicação. Que entre outros objetivos, promove e difunde a produção artística realizada por mulheres, focalizando, especialmente, o Brasil e a América Latina, buscando ainda, focar as questões de gênero e tecnologia, já que o tema é pouco difundido por aqui.
É assim que trabalham, Anaisa Franco, Marina Gazire, Lilian Campesato e Vivian Caccuri as integrantes do Coletivo BR.ADA, que também procura analisar a produção da mulher que trabalha com a tecnologia, como ferramenta fundamental de trabalho.
O nome do grupo evidencia uma singela homenagem à condessa britânica, Ada Lovelace, já mencionada acima.
Novos tempos, novas formas de ver e vivenciar o feminismo. O tema está em evidência no Brasil, agora mais do que nunca, quando acabamos de eleger nossa primeira mulher para ocupar a Presidência da República, “como nunca antes na história desse país”.
As novas tecnologias da comunicação que estão colocadas para o século XXI, redesenham o espaço geopolítico redimensionando as relações comerciais, políticas, sociais e até mesmo pessoais, num mundo cada vez mais globalizado e impulsionam o desenvolvimento social em consonância com os novos paradigmas de ativismo social, cultural e político do novo momento em que vivemos.
Os movimentos sociais souberam se apoderar muito bem dessa ferramenta de comunicação em massa, ampliando sua capilaridade, proporcionada pelo rompimento das barreiras de tempo e espaço das novas tecnologias colocadas à sua disposição.
O Movimento Feminista, como um dos movimentos mais sólidos e organizados do mundo, desde seu surgimento, nos anos 60 e 70, quando as mulheres norte-americanas queimaram seus “soutiens” em praça pública, não poderia ficar à margem dessas mudanças e dessincronizado com os novos tempos e cada vez mais os temas envolvendo as questões de gênero e Tecnologia entram em pauta no novo ativismo em redes: o Ciberfeminismo.
Tudo começou quando a Condessa britânica, Ada Lovelace (1815-1852) criou o primeiro programa de computador da sociedade ocidental. A partir de então, as mulheres ganharam novas ferramentas de intervenção na realidade, mobilizando as mulheres do mundo inteiro para a exploração do Ciberespaço como meio de expressão, das demandas feministas ou o feminismo em Redes - o Ciberfeminismo.
Por isso, a partir de 2009 comemora-se, internacionalmente, o ADA LOVELACE DAY, em 24 de março, dia em que é amplamente divulgado todos os avanços obtidos pelas mulheres na área de Ciência e Tecnologia.
No Brasil esse movimento está em curva ascendente, e as questões da mulher e da tecnologia na contemporaneidade, estão intimamente ligadas à tecnologia e movimentos sociais.
Ciberfeminismo, expressão cunhada na Austrália, pelo coletivo de artistas (Virginia Barratt, Francesca da Rimini, Juliane Pierce, Josephine Starrs,) surgiu na Europa dos anos 90, com a divulgação do Manifesto Ciberfeminista para o Século XXI, divulgado pelo grupo VNS MATRIX, composto pelas quatro artistas acima mencionadas.
No Brasil, entre tantos coletivos de mulheres atuando em Redes, podemos citar o CEMINA- uma Organização Não Governamental-ONG- que luta pela ampliação dos espaços da mulher brasileira, utilizando o ativismo em Redes - ciberfeminismo – para alcançar seus objetivos. e que apresenta como carro-chefe o Programa Fala Mulher, ministrou 300 cursos de capacitação em Rádio para comunicadoras populares, a Rede de Mulheres no Rádio que coloca 400 comunicadoras no ar, a Rede Cyberela- capacitação de 29 comunicadoras para uso do Ciberespaço através das ondas do Rádio e implantação de 15 tele centros para um amplo Programa de Inclusão Digital. (www.cemina.org.br).
Após 16 anos de atuação, hoje o Cemina é responsável pelo maior arquivo sonoro com temática feminista, de todo o território nacional.
Entre suas ações destacam-se ainda, a facilitação de divulgação de conteúdos áudio via web e a democratização do acesso e conteúdos da Internet e, construiu ao longo de sua existência, um invejável legado em prol da mulher brasileira e seu desenvolvimento na sociedade.
Recebeu vários prêmios por sua atuação e programas onde se pode destacar o Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo- 1988- na Categoria Rádio e o Prêmio Claudia (Revista Claudia) pela excelente estratégia pela cidadania feminina.
Digno de menção, temos ainda o coletivo BR.ADA, composto por cinco mulheres de Belo Horizonte, São Paulo, Rio e Barcelona que pesquisa o elo entre mulheres e tecnologia e Artes e meios de Comunicação. Que entre outros objetivos, promove e difunde a produção artística realizada por mulheres, focalizando, especialmente, o Brasil e a América Latina, buscando ainda, focar as questões de gênero e tecnologia, já que o tema é pouco difundido por aqui.
É assim que trabalham, Anaisa Franco, Marina Gazire, Lilian Campesato e Vivian Caccuri as integrantes do Coletivo BR.ADA, que também procura analisar a produção da mulher que trabalha com a tecnologia, como ferramenta fundamental de trabalho.
O nome do grupo evidencia uma singela homenagem à condessa britânica, Ada Lovelace, já mencionada acima.
Novos tempos, novas formas de ver e vivenciar o feminismo. O tema está em evidência no Brasil, agora mais do que nunca, quando acabamos de eleger nossa primeira mulher para ocupar a Presidência da República, “como nunca antes na história desse país”.
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